
Vem-Vai
O Vem-Vai foi o primeiro elemento da equipa maravilha a quem tive de pedir para ir para casa mais cedo. Entrou na obra com as melhores recomendações. Segundo o Luís Marinho, ele é o “Ronaldo” dos pedreiros, pelo menos foi esta a ideia que tentou transmitir. Isto para justificar a ausência do Petuco, que estava em Évora a assentar tijolinhos. Além de pedreiro, faz trabalhos de ladrilhador, faz barramentos de pladur e pinta. No entanto, faz muito mal, de tal forma que o trabalho de barramento e de pintura que ele fez teve de ser refeito na totalidade.
Nesta fase, estávamos numa vaga de “Covid19”. Houve um dia em que ninguém apareceu na obra. Depois de ligar ao Luís Marinho para saber o que se tinha passado, fui informado de que havia a suspeita de infeção com “Covid19” no Vem-Vai e que, por conseguinte, ninguém foi para a obra. Preocupado, passei por perto da casa do Vem-Vai e lembrei-me de verificar como estava de saúde. Passava um pouco das 17:30 e ele estava em casa com a roupa de trabalho vestida, mas provavelmente vestiu a roupa de trabalho de manhã sem querer.
Mais tarde, teve outra missão na obra: abrir valas para passar os tubos de escoamento de água dos algerozes. Demonstrou que estava contrariado. Num dos dias, do primeiro andar, vi-o no rés-do-chão a brincar com a fita métrica em vez de trabalhar na vala; afinal, tinha ali um menino. Não lhe disse nada, mas pedi por telefone ao patrão dele se não tinha trabalho para ele noutra obra. Um dia depois deste telefonema, tive de o convidar a ir para casa e ainda lhe ofereci dinheiro para o táxi, mas não aceitou.