Luis Marinho A Verdade
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O Telhado (2ª parte)

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Iniciaram-se os trabalhos propriamente ditos, com a remoção das telhas velhas e do entulho resultante da demolição necessária para a instalação do novo telhado. Esta tarefa foi essencialmente executada pelo “Vandame-lee” e pelo “Aparadinho”. Foram efetuados todos os preparativos para o dia “D”, que era o primeiro dia da montagem do telhado. Estavam presentes o Luís Marinho, o seu tio, o “Sábio Cintilante” (nome fictício), o Petuco, o Vandame-lee, o Aparadinho, mais três indivíduos de nacionalidade brasileira que não é importante distinguir dos demais, e por fim o “Elemento X”, que entra na equipa a meu pedido e sob a minha responsabilidade. A missão deste era apenas a montagem do isolamento de telhado e de duas janelas, as restantes tarefas eram da responsabilidade apenas do Luis Marinho e a sua equipa maravilha. Havia muitas pessoas na obra, mas a ideia principal era fazer o trabalho de forma célere, pois não fosse o tempo complicar o andamento da obra. Inicialmente, o ambiente era de grande azafama e todos queriam fazer tudo; dava gosto ver tanto empenho. Mas era de pouca duração. Era bom demais para ser verdade. O Elemento X organizou o trabalho e impôs o ritmo, e a obra foi aparecendo. Os ensinamentos do “Elemento X” foram-se somando, mas houve alguns que não foram bem compreendidos e logo não foram colocados em prática.

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Um exemplo disso era o facto de, às 16:45, todos descerem o andaime e deixarem o Elemento X a trabalhar sozinho, alegando que tinham de arrumar a ferramenta. Eu não sou nenhum “tio Patinhas”, mas se multiplicarmos 15 minutos por cada funcionário e multiplicarmos pelo número de dias da semana, garanto que são muitas horas. São horas que são pagas e em que não se trabalha. É claro que o Luís Marinho só veio a saber disto pela minha boca e duvidou que eu estivesse a dizer a verdade. Tive de usar o Elemento X para comprovar que estava a dizer a verdade. Estas horas somadas às outras que usavam para ir ao café e ao tempo que ficavam sem fazer nada. Foram bastantes horas pagas sem existir trabalho efetivo. Assim, podemos ver o elevado nível da “equipa maravilha”. Permitam-me contar um episódio que aconteceu com o Aparadinho. O Aparadinho estava a fazer um trabalho de abertura de um roço na platibanda para colocação de telhas. Estávamos numa fase inicial da montagem do telhado e o Elemento X alertou-nos de que o roço teria de ser maior. Resistiu ao que lhe foi solicitado e continuou a fazer como achava que deveria. Como o patrão não ia à obra para saber se estava tudo bem, entre o pessoal reina a desorganização. Dias mais tarde, já com a montagem do isolamento do telhado quase terminada, verificou que teria de abrir mais o roço. Foi então fazer e acabou por sujar uma das empenas ao sujar a telha “onduline”. Vi aquele “magnifico trabalho”, intervim e mandei limpar e soprar o telhado com o compressor que era meu, porque nem isso o patrão mandava para a obra. Claro que as horas de limpeza também forma pagas.

A obra de substituição do telhado começou a 1 de setembro e parou a 17 de outubro, mas não ficou totalmente concluída (o tempo previsto para esta etapa da obra era de cerca de quatro semanas e já tínhamos passado seis). Permitam-me explicar: não é o telhado que é grande, mas sim o ritmo de trabalho, que era muito lento. Fui avisado que no dia 18 ninguém viria trabalhar por causa da chuva. Garantiram-me ainda que podia ficar descansado, pois tinham sido tomadas as medidas necessárias para evitar infiltrações. No entanto, como era de esperar, acabaram por existir infiltrações. Choveu ainda mais dois dias e, desde então, têm alternado dias de sol com um ou dois dias de chuva. Desde o dia 17, mais ninguém veio trabalhar e não recebi qualquer justificação da ausência da equipa maravilha.

A casa permaneceu com andaimes montados à sua volta, com infiltrações de chuva pelo isolamento do telhado e até dentro de casa. Como a montagem dos andaimes também afetou os telhados contíguos à casa principal, partiram telhas e o resultado foram mais infiltrações. Optei por aguardar em silêncio e ver até onde ia a irresponsabilidade do Luís Marinho e da sua empresa. Neste periodo, o Luís Marinho afirmou a algumas pessoas que tentou ligar-me e que eu não atendia, apesar de sempre atender o telefone, sobretudo porque era parte interessada. Segundo o Luís Marinho, passava à frente da casa mais que uma vez por semana para ver se os andaimes ainda estavam montados e via o meu carro à porta. Uma das pessoas que ouviu esta mentira questionou: “Se vês lá o carro, porque não paraste para falar com o dono da casa?” Como não consegui evitar os prejuízos, esperei para ver até onde iria a irresponsabilidade do Luís Marinho. Mais umas mentiras para o Luís Marinho pedir perdão ao padre.

Só me ligou a 21 de novembro para perguntar se a equipa dele poderia ir para a obra no dia seguinte. Já tinha passado mais de uma mês. Respondi-lhe que primeiro era importante conversar com ele. Assim aconteceu e dei instruções para a desmontagem dos andaimes, não aceitando que fosse feita mais alguma coisa na obra.

LUÍS

  

MARINHO

  

A VERDADE