
Petuco
O Petuco foi, de todos, aquele que sempre demonstrou ter ritmo de trabalho e sentido de orientação na obra. Embora não fosse um profissional exímio, as falhas passavam despercebidas devido ao seu empenho. No entanto, o Petuco teve de se ausentar. Na sexta-feira, levou as ferramentas para casa e, na segunda-feira seguinte, já estava magoado em Évora a colocar tijolos numa subempreitada do Luís Marinho. Estava previsto ficar doente apenas duas semanas, mas como a obra estava atrasada, acabou por ficar doente durante quatro semanas. E assim se lida com as mentiras. Regressou à obra mais tarde, mas por pouco tempo. Mais tarde, regressou novamente para ajudar na substituição do telhado. Cometeu erros na obra, como o esgoto da casa de banho.
Lembro-me de um dia em que, ao ligar para o Luís Marinho, este atendeu com um tom irritado. Perguntei se estava tudo bem e ele respondeu: “Acabei de mandar embora o “Petuco”. Ele anda sempre a ameçar que vai embora, mas agora fui eu e o meu “Buronardo” que o mandámos embora.”
Estranhei esta confidência, uma vez que não tenho nada a ver com a empresa. Dias depois, soube que houve um reencontro ao estilo daquele programa saudoso “Perdoa-me”, que era transmitido na SIC em 1994, creio. Voltou tudo ao normal nesta empresa.
Normal também era o Petuco queixar-se do seu patrão por este demorar a fazer chegar os materiais às obras, por estar farto do Luís Marinho, por ver diariamente colegas sem fazer nada por falta de organização, etc. Coisas e histórias às quais não dei importância.
O Petuco também é conhecido entre os colegas por ser um lambe-botas. Evitam algumas conversas na sua presença porque, segundo eles, ele conta tudo ao patrão à procura de promoção. Até pessoas externas à empresa e à obra me avisaram de que o Petuco não era aquilo que deu a conhecer inicialmente, e isso eu confirmo. Para mim, não passou de uma pessoa ingrata e de pouca confiança.