O VANDEME-LEE
O TERRÍVEL
Este funcionário é uma figura singular. Fui avisado pelos colegas antes dele chegar à obra. Tinha duas particularidades que lhe foram reconhecidas. Uma é a falta de verdade, eu confirmo o que foi contado pelos colegas, pois também tentou espalhar o perfume da sua conversa, mas o argumento é tão fraco. A outra é o amor fanático ao clube do coração dele. Fala pelo que ouve sem saber o que diz.
A função dele é servente, mantêm a betoneira limpa como ninguém. A betoneira era limpa várias vezes ao dia, ainda cheguei a oferecer-lhe massa de polir pois já tinha umas manchas na pintura. Na obra era o nome que mais se ouvia, pois, andava sempre fugidio e a procurar momentos de belo descanso durante o trabalho. Motorista da equipa era outra função desempenhada por ele. Foram frequentes as idas ao estaleiro para buscar coisas e depois esquecia outras e tinha que lá voltar. Como esta tarefa era difícil chegou a ser acompanhado pelo seu ajudante de motorista o “Aparadinho” (nome fictício, mas deste falarei mais tarde) Sempre o primeiro a sair dava-se ao luxo de ser o relógio de ponto dos colegas e lembrava-os constantemente a hora da saída. Dos muitos dias que por lá estive nunca o vi chamar os colegas para irem trabalhar.
Vou descrever uma passagem que considero curiosa. Num sábado de trabalho levei a minha família comigo à obra. Na obra estava mais um profissional a trabalhar que não pertence à equipa do Luís Marinho. Na hora de almoço convidei o dito profissional para almoçar com a minha família e para não fazer distinção de pessoas convidei o Vandame-Lee e outro colega que estava com ele. Fomos todos almoçar, na saída do restaurante faz-me um comentário curioso. Disse-me que não era normal comer à mesa com pessoas como eu, que quando vai almoçar com o Luís Marinho e a sua família ficam sempre em mesas separadas. Eu pensei “caramba, isto ainda existe?” pelos vistos distinção e discriminação é normal para o Luís Marinho.
Em tom de remate, vou escrever as últimas palavras sobre este homem e o motivo pelo qual tem o nome de Vandame-Lee. Há poucos dias tive que procurar o Luís Marinho para falar de assuntos relacionados com a obra. Ao chegar encontrei o Luis Marinho, o Vandame-Lee e outros colegas dele. Na primeira oportunidade que teve quis fazer uso das suas aulas de karaté e bater-me. Valeu-me a pronta resposta do Luís Marinho que o agarrou firmemente e gritou ao ouvido “não desgraces mais a minha vida, vai-te embora!” Nem sei como comentar este episódio por isso fico mesmo por aqui…