
El Pladur

Dei um toque espanholado ao título porque a denominação “pladur” vem do nome da empresa espanhola que foi a primeira a produzir e a comercializar este material.
Para vos situar, o Vem-Vai lá se foi e deixou as paredes cobertas com pladur num estado lastimável. Entrou o Martelo Sorna (o pintor) para corrigir os problemas não de pintura, mas sim da má aplicação do pladur. Acredito que seja muito bom ter pessoas multifacetadas numa empresa, mas raramente resulta. Os dias foram passando e o Martelo Sorna foi concluindo as divisões, uma de cada vez. Num fim de semana, decidi verificar a qualidade do trabalho do Martelo. Para meu espanto, a qualidade era superior à do Vem-Vai, mas longe de ser uma qualidade aceitável. Assim, com um lápis, marquei as imperfeições que encontrei (fotos abaixo). Na segunda-feira seguinte, ao chegar à obra, deparei-me com um ambiente pesado e rostos fechados. Quem me recebeu foi o Luís Marinho. Percebi de imediato que o Martelo Sorna estava chateado com as marcas que fiz na parede. Segundo ele, eu não poderia dizer que o trabalho dele não estava bom. Ultrapassámos a birra do Martelo Sorna e ele voltou ao trabalho. O ritmo de trabalho do Martelo era baixo porque segundo ele, dói o ombro e o pulso, o patrão paga pouco e mais não sei o quê, mas os cigarros dentro da minha casa fumam-se e deixam-se beatas no chão. Tive de ligar ao Luís Marinho e alertá-lo de que o cinzeiro não era no chão, como o funcionário insistia em fazer.
As beatas foram lá limpas com muita pouca vontade. Acreditei que esta história das beatas estivesse ultrapassada, mas no dia seguinte, quando cheguei à obra às 14h15, deparo-me com o seguinte, o Martelo Sorna a dormir a sesta, numa caminha que montou com cartões para ficar uma caminha macia, num dos quartos, às escuras, com duas beatas no chão ao seu lado. Já não basta ter tido a ousadia de fumar em casa sem pedir autorização. Exigi a presença do Luís Marinho para explicar o sucedido. Gostaria de salientar que por baixo do fraco revestimento estava um chão novo e acabado de aplicar. Desta vez não houve perdão. Desta vez não foi possível ligar primeiro ao Luís Marinho; fui eu que lhe chamei a atenção. Ele disse-me que se iria embora de imediato. Respondi-lhe: “Vais sim, não por tua vontade, mas porque sou eu que te coloco na rua!”
Entretanto, o Martelo Sorna foi fazer companhia ao Vem-Vai. É importante fazer uma reflexão: quem paga não precisa de exigir muito, mas sim um trabalho bem feito de uma só vez e o respeito que é devido. Empresas que têm trabalhadores e administradores ou gerentes com esta forma de agir ou mudam radicalmente a forma de trabalhar não duram muito tempo no mercado.