
As Mentiras

Logo ao fim de poucos dias após o início das obras, a equipa ficou reduzida a três trabalhadores durante a maior parte dos dias. A composição da equipa nunca era comunicada, ou seja, só sabia quantas pessoas estavam a trabalhar na obra no início de cada dia. O ambiente de trabalho não era o melhor, mas também não era mau. Já a relação dos funcionários com o patrão revelou rapidamente ser um ambiente de mentiras e enganos. Conforme o tempo passava, irei descrever tudo o que assisti.
A primeira mentira que recebi foi fantástica. Na quinta-feira soube que, na segunda-feira seguinte, iria ouvir uma mentira. Iria ser avisado de que um funcionário se tinha magoado nas costas no fim de semana. Reparei que, na sexta-feira, ao final do dia, o Petuco (nome fictício) recolheu a ferramenta e levou-a com ele. Na segunda-feira seguinte, constatei que não se tinha apresentado na obra. Quando foi possível, perguntei ao Luís Marinho o motivo da ausência do Petuco. Ele respondeu-me de imediato que estava em casa porque se magoou nas costas no fim de semana. A história bateu certo com o que tinha sido contado que iria acontecer. A primeira mentira foi desnecessária, mas esta é a postura de quem não tem carácter. Pois bem, fiquei a saber no fim de semana que o Petuco e mais um colega tinham ido para uma obra em Évora, onde estiveram mais de um mês. A falta do Petuco foi colmatada por outro funcionário. Este novo funcionário chama-se Vem-Vai e será o motivo de muitas histórias. Quem mente desta maneira… nem imagino do que será capaz de fazer… Sempre mostrei preocupação pelo estado de saúde do dito Petuco e, por gozo pessoal, perguntei ao Luís Marinho diversas vezes por ele.